O núcleo de fotografia da coleção da Fundação PLMJ constitui mais de metade do número das obras reunidas desde a criação da Fundação e da sua coleção de arte contemporânea, que contempla mais de mil e trezentas obras em diversos meios de expressão plástica e visual, como um importante núcleo de vídeo com mais de uma centena de obras, das quais uma integra a presente exposição.
A primeira obra da exposição, “Sem título (da série Pasaje)” (1998), da autoria de Augusto Alves da Silva (1963-2025), é uma peça que contribui para os temas da cidade e da arquitetura, muito presentes nas várias décadas do núcleo de fotografia.
A fotografia colecionada é, em termos historiográficos, um olhar onde ocorrem contrastes e revelações que descrevem o último século, dado que o conjunto autoral do acervo de fotografias mais antigas remonta a 1930, com a série “Os putos”, da autoria de João Dias, que pode ser visualizada na página online desta fundação. As ligações à criação artística internacional que caracterizam esta coleção, na esteira dos países de língua portuguesa (CPLP), desenvolvem-se também no campo da fotografia, na perspetiva documental, por exemplo em Moira Forjaz, presente na exposição com a obra “4.º Congresso da Frelimo, Maputo, 1983”, e, entre outros autores contemporâneos, Mauro Pinto, com duas obras da série “C’est pas facile”, de 2018.
A exposição é uma aproximação à diversidade e ao contraste entre o preto e branco e a cor; entre formatos diversos, não esquecendo os processos analógico e digital, ou entre a fotografia documental e a fotojornalística, como por exemplo nas peças “Lisboa” (1975) da autoria de Alfredo Cunha, ou “Portugal” (1987) de Gerard Castello-Lopes e, umas décadas antes, na presença das fotografias de Victor Palla e Costa Martins constantes do livro Lisboa – Cidade Triste e Alegre (1959).
O título da exposição é como um verbete que, apelando ao contraste entre temas e posicionamentos autorais e, assim, ao devir a que somos sujeitos, sinaliza o arco temporal desta seleção de obras, que vai do final da década de quarenta do século passado, na obra de Fernando Lemos “Natal no talho” (1949-1952), até ao ano passado, com uma fotografia de Patrícia Assis, um nome da nova geração de artistas/fotógrafos: “Pára-sol, Oeiras” (2024).
Uma das mais importantes obras documentais sobre a prática da fotografia em Portugal publicadas no século XX: História da Imagem Fotográfica em Portugal – 1839 - 1997, compilada por António Sena e publicada em 1998, acompanha a exposição e está disponível para consulta.
Albano Silva Pereira, Alfredo Cunha, Ana Janeiro, André Cepeda, António Júlio Duarte, António Sena da Silva, Augusto Alves da Silva, Augusto Brázio, Bruno Sequeira, Carlos Lobo, Cláudio Melo, Daniel Blaufuks, Dora Nogueira, Eurico Lino do Vale, Fernando Lemos, Gérard Castello-Lopes, Inês Gonçalves, Jorge Guerra, Jorge Molder, José Luís Neto, José Pedro Cortes, Kiluanji Kia Henda, Luís Pavão, Maimuna Adam, Manuel Botelho, Maria do Carmo Galvão Telles, Mauro Pinto, Moira Forjaz, Noé Sendas, Nuno Calvet, Nuno Cera, Patrícia Assis, Paulo Catrica, Rita Barros, Valter Vinagre, Victor Palla e Costa Martins.
João Silvério